7 de março de 2011

Entrevista: Seco (Zanetti) jogador da Lazio (Itàlia)

Fonte: http://blogmb.zip.net/

1- VF- Após dois anos parado, você retornou ao futsal defendendo a Lazio no Campeonato Italiano. Em sua estreia, pela 7ª rodada da atual temporada, ficou em quadra 13 minutos, marcou dois gols e deu duas assistências. Como foi aquele dia? O que passou por sua cabeça antes,durante e depois da partida contra o Augusta (a Lazio venceu por 8 a 3)?
S- Após dois anos parado, sensação única. O último jogo foi semifinal de Copa do Mundo contra a Espanha. Maravilhoso voltar a fazer aquilo que sempre fiz. Com objetivos pessoais e desafios comigo mesmo que espero alcançar.

2- VF-Após um bom início no campeonato, a Lazio venceu apenas uma das últimas cinco partidas, se distanciou da liderança, caiu para o terceiro lugar e pode terminar a fase de classificação fora do G-4. O que está acontecendo com a equipe?
S- A Lazio tem um grande plantel, com jogadores renomados e de qualidade, só que é um clube bem particular, comissão técnica amadora e o treinador é o dono. Nunca peguei uma situação dessas. Não somos favoritos, por isso creio que existem possibilidades. O importante dessa situação é cada jogador dar o máximo de si e vermos onde podemos chegar.

3-VF- Seu problema crônico no púbis em que atrapalhou a sua carreira?
S- Muito, muito mesmo, é um desgaste, pelo tempo de profissão (18 anos). As dores eram frequentes, existia uma limitação que tinha que me adaptar. No Mundial joguei com 50% das minhas condições, durante os últimos anos não joguei 100%. Agora estou curado e sei que posso fazer a diferença como sempre fiz.

4-VF- Você jogou dois Mundiais (2004 e 2008), mas se lesionou, encerrou a carreira e se preparou para ser treinador. O que aconteceu para voltar atrás?
S- A experiência (2 Mundiais, 2 Europeus, 7 anos na Espanha e a Seleção Brasileira, além de 3 títulos brasileiros, incluindo um pelo Vasco) foram fenomenais. Parei pelas dores e pela impotência de fazer bem tudo o que sempre fiz. Recuperei-me fisicamente e a Lazio me convenceu pelo projeto que tem. Como treinador, sou habilitado no Brasil, pretendo e acho que estou preparado para a seguinte função.

5-VF- Você já comentou várias vezes e inclusive escreveu em seu blog que "a maioria dos clubes italianos não dispõe de uma estrutura física como temos no Brasil, sem contar da forma que os dirigentes tratam os jogadores com menosprezo e como mercadorias". E esta relação hoje em dia como é?
S- Na Itália o futsal é amador e o nível técnico é baixo, não existe base e não tem aqui humildade para aprender, portanto é difícil o crescimento desse esporte.

6-VF- Quando você foi para a Itália ficou impressionado também com o amadorismo no futsal italiano. Havia jogadores renomados em clubes mal organizados (alguns até desapareceram). E hoje como está?
S- Até existem jogadores renomados com a intenção de fazer crescer o esporte. As condições técnicas são fracas e amadoras (a nao ser que sejam estrangeiras). O conhecimento técnico não existe aqui, dirigentes pouco capacitados e despreparados, diferente de Brasil, Espanha, Rússia e outros países. Pensando positivo esperamos que mude (dificilmente).

7-VF- Você se dispôs a ajudar jogadores brasileiros que fossem para a Itália. Alguém o procurou? Quem? Em que pode contribuir?
S- Trouxe muitos jogadores à Europa e tenho vários jogadores que querem vir à Europa. Tenho contato com várias equipes e vários países e pretendo no futuro trabalhar com isso, até porque tenho conhecimento técnico e experiência e estou me preparando para isso.

8-VF- Em 1999, atendendo um pedido do Marco Bruno, você, que estava na Espanha, foi para o Vasco, que começava a formar aquele famoso esquadrão de 2000. Como surgiu o convite? Vocês já se conheciam?
S- Marco Bruno é um grande desse esporte, ex-atleta, treinador, e hoje dirigente, sabe tudo, como pessoa é melhor ainda. A proposta foi boa e com desafios tremendos, aceitei sem pensar. Estava na Espanha nesse momento, foram anos maravilhosos e faria tudo outra vez.

9-VF- Qual a importância do Seco para aquele grupo, dentro e fora de quadra? Você já atuou em um grupo tão bom e renomado?
S- Sem dúvida o melhor de todos os tempos. Importância, acho que tinha, o respeito de todos, jogadores, comissão do clube e torcida, pela minha qualidade técnica e personalidade. Agradeço a Deus pela oportunidade de jogar no Vasco e com tantos craques.

10-VF- Hoje o Vasco sofre com vários problemas no futsal, apesar de manter sua equipe adulta. E a estrutura oferecida naquela época, como era?
S- A estrutura era ótima. O Marco Bruno nos deixava tranquilos para trabalhar (claro, depois tivemos problemas econômicos que afetaram muito). O Vasco mora no meu coração e sinto muito por não existir hoje uma estrutura necessária para um futsal forte. O Dinamite viajou conosco naquele ano e espero que olhe pelo futsal. A torcida merece um grande time.

11-VF- Li elogios seus ao saudoso treinador Ricardo Lucena. Ele foi o melhor que você já teve?
S- Gigante Ricardo Lucena, sem dúvida um dos maiores desse esporte, lembro de várias situações, admiro e considero um dos melhores do mundo, orgulhoso em ter trabalhado com ele.

12-VF-Qual é a diferença entre jogar por um clube de massa e um clube de cidade?
S- Clube de massa tem aquele fanatismo, gente que vive disso, pra isso, ama as cores e temos que entender esse amor, jogar para eles. De cidade é diferente, uma cobrança momentânea, vivi isso na Espanha, é legal também, nao é uma instituição e sim uma comunidade, sensação boa também, mas prefiro jogar por um clube de camisa.

13- O Brasil vem rivalizando com a Espanha nos últimos anos. Nosso país parece estar perdendo espaço para um futsal mais rico e organizado. Que comparação você pode fazer em todos os aspectos entre ambos, já que atuou nos dois países?
R: A Espanha importou muitos brasileiros e aprenderam com eles a ponto de superá-los. Na Espanha não existe o material humano e a técnica do Brasil, mas taticamente e profissionalmente, como no basquete, futebol, handebol e esportes individuais existe uma disciplina e um investimento maior, aí está a diferença. No Brasil, infelizmente ainda estamos abaixo nesse sentido.

14- O que o levou a se naturalizar italiano? E na época você atuava no futsal espanhol...
R: Fui contatado para jogar pelo Brasil, porque estava bem na Espanha, mas o sonho de jogar na Copa do Mundo era um dos únicos que ainda não tinha alcançado. Pesou muito e não me arrependo.

15- Além de você, outros nove brasileiros atuam na Lazio. Quantos se naturalizaram italiano? Há um motivo específico para isso?
R: Na Lazio são todos italianos: Nuno, Bacaro, Bernardi, entre outros. Isso é normal. Kaká é italiano, Ronaldinho é espanhol, e muitos outros que jogam pelo Brasil tem dupla nacionalidade (Wilde, Vinicius, Betão, Marquinho, são todos naturalizados). O motivo foi profissional. Defendi o Brasil também e não me arrependo.

16- Com este retorno às quadras, a torcida brasileira pode manter o sonho de voltar a vê-lo jogar aqui? Pretende encerrar definitivamente a carreira em Joaçaba ou em algum time representante de Santa Catarina na Liga Futsal?
R: Olha, tive várias ofertas pra jogar no Brasil, inclusive poderia ter sido campeão brasileiro pela Malwee, coisa que não aceitei por não estar bem fisicamente. Agora recuperei o físico e a motivação, portanto não descarto nada, vivo dia a dia.

17- Quem foi o melhor jogador de futsal que você viu jogar? E atualmente?
R: Joguei com os melhores, muitos, tanto técnica como mentalmente. Jackson (na Perdigão, fenômeno) e depois Falcão, Javi Rodríguez, Paulo Roberto, Daniel, Schumacher, Marquinho, Lenísio, Vinícius, Índio, Fininho, e muitos outros craques que não citei, pois é difícil falar todos. No entanto, o melhor pra mim, sem dúvida foi o Manoel Tobias. Não era humano!

18- Que mensagem você deixa para todos aqueles que o admiram e acompanham notícias suas através deste blog? Tem algum contato que possa divulgar?
R: A mensagem é: Obrigado a muitas pessoas que me seguem e passam mensagens positivas, lembrem-se de se doarem ao máximo ao que fazem, é importantíssimo para alcançar os objetivos. Brevemente estarei com um site no ar para deixar todos por dentro do futsal mundial. Quero agradecer aqui ao meu amigo Marco Bruno pela oportunidade e dizer que é um grande prazer participar do seu blog. Um grande abraço, Seco.




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